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Páscoa encurta a semana e pecuarista resiste em vender o gado.

Frigoríficos trabalham com possibilidade de queda da arroba no curto prazo e jogam com negociações esparsas.
Por: 
Portal DBO
09/04/2020

A decisão de prolongamento do período de quarentena da população nos grandes centros urbanos ajudou a reforçar o movimento baixista no mercado do boi gordo, relatam os analistas. A dificuldade no escoamento da carne bovina ao varejo, devido à medida de isolamento social, traz uma onda de incertezas aos frigoríficos, que preferem ser cautelosos no processo de compra da boiada gorda.

Também há um grande receio por parte da indústria de que o valor da carne bovina apresente, no curto prazo, ajustes negativos, seguindo a tendência observada nos preços das proteínas concorrentes. Segundo dados da Informa Economics FNP, os preços da carne de frango e suína apresentam uma queda de 12% e 18%, respectivamente, no acumulado deste mês de abril, em relação aos valores vistos em março passado.

“Nesta quarta-feira, o mercado físico do boi gordo registrou volume de negociações esparso e variações distintas nos preços entre as principais regiões do Brasil”, relata a FNP, acrescentando que, na maior parte das praças pecuárias pesquisadas, ainda prevalece uma pressão baixista na arroba do boi gordo.

Segundo a consultoria, a semana encurtada pelo feriado reduzirá os dias para abate, o que também faz diminuir o interesse dos frigoríficos pela compra de gado no curtíssimo prazo.

Do lado da oferta de animais, os pecuaristas ainda resistem em vender o gado a valores abaixo dos valores vigentes, o que intensifica a lentidão do mercado. No entanto, de acordo com a FNP, há atualmente um crescimento na disponibilidade de vacas para abate, incluindo fêmeas da atividade leiteira.

 

Praças pecuárias

No Mato Grosso, a escassez de oferta de animais para abate manteve o baixo fluxo negócios, segundo levantamento da FNP. “Com restrição de matéria prima e dificuldade de escoamento da carne, as indústrias do MT atuam de forma cautelosa, realizando apenas aquisições pontuais, e com preços em níveis mais baixos”, avalia.

No Mato Grosso do Sul, a atuação de frigoríficos paulistas na compra de bois para exportação de carne bovina fez com que a arroba do macho se valorizasse. O valor da fêmea, no entanto, registrou queda, de acordo com a FNP. “A carne da vaca é tipicamente mais direcionada para o mercado interno e, com a instabilidade do consumo no País, as indústrias reduziram o volume de compras de fêmeas, pressionando os preços”, justifica a consultoria.

Em Goiás, os pecuaristas já se defrontam com condições piores nas pastagens, em função da diminuição no nível de chuvas, informa a FNP. “A maior oferta de animais favoreceu a queda no valor da arroba no Estado”, diz.

Em Minas Gerais, os preços da arroba do boi gordo também se fragilizaram nesta quarta-feira. Na região, muitos frigoríficos reduziram o volume de compras com receio de que a instabilidade da demanda por carne provoque um excedente de oferta nas câmaras frigoríficas. Há registro de plantas de MG que diminuíram em até 30% o ritmo dos abates, informa a FNP.

No Pará, com a escassez de oferta do gado para abate, o nível de negócios se manteve esparso. “Porém, as compras pontuais foram realizadas a valores mais baixos”, informa a consultoria.