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Incertezas sobre frete prejudicam logística de exportação

Tabela tem intensificado o overbooking em navios, com exportadores reservando mais espaço do que o necessário
Por: 
Portal DBO
28/08/2018

Em vigor há quase três meses, o tabelamento do frete tem afetado diversas cadeias e processos do agronegócio, incluindo as exportações. De acordo com a Maersk Line, a tabela tem intensificado o problema de overbooking em navios, com exportadores reservando espaços em vários armadores, mas sem utilizá-los totalmente no momento do embarque. “A tabela é uma incerteza extra para os exportadores, que muitas vezes não conseguem caminhões ou apenas a um nível de preço que não é viável. Com isso, o volume não chega aos portos no momento certo”, afirma Matias Concha, diretor de trade e marketing da empresa para a Costa Leste da América do Sul.

 

“O setor precisa de certezas. Sem as regras do jogo, não dá para jogar. Não dá para planejar três, quatro meses se não se sabe como ficará a questão do frete”, afirma Antonio Dominguez, diretor principal da Maersk para a Costa Leste da América do Sul, sobre a insegurança em relação ao tabelamento. “Traz riscos para todos e resulta em custos extras. De meados de julho a agosto, 200 mil toneladas, quase um navio inteiro, deixou de ser exportado”, relata Denis Freitas, diretor da Safmarine para a Costa Leste da América do Sul. Esse ciclo de overbooking começou em 2016, quando as importações caíram pela metade, o que significou menos espaço para os exportadores nos navios, já que menos embarcações chegavam ao país. Com o receio de não ter como enviar seus produtos, os exportadores começaram a reservar espaço em vários armadores. Como o pagamento não é antecipado e não há multa, os armadores têm que absorver os custos. “É um ciclo vicioso e que traz ineficiência”, diz Dominguez. Segundo ele, exportadores e armadores precisam trabalhar juntos para resolver a situação, “porque espaço existe”. “Será que vamos ter que avaliar um sistema de penalidade?”.

 

O ciclo de overbooking tem dificultado até que os exportadores aproveitem o cenário cambial positivo, com desvalorização do Real, que representa aumento da competitividade e da demanda pelo produto brasileiro. No segundo trimestre, os embarques brasileiros caíram 6%. Entre as commodities agropecuárias, alta apenas na carne bovina e em frutas e vegetais. Essa situação, somada ao impacto da greve dos caminhoneiros e a uma expectativa de menor crescimento do PIB estimularam a Maersk a rever seus números de importação e exportação, que devem ser divulgados no próximo mês. As previsões iniciais eram de alta de 1,3% nas exportações e de 4,6% nas importações.

Carne bovina
Apesar da manutenção do embargo russo, as exportações de carne bovina, segundo dados da Dataliner, cresceram 8% no segundo trimestre, de 11.294 contêineres de 40 pés para 12.153. A previsão da Maersk é de que o crescimento em 2018 fique entre 5% e 10%. “Estamos trabalhando com a previsão de que a reabertura para a Rússia não vai acontecer esse ano”, diz Concha.