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Criadores de MS mantêm o gado no pasto à espera de melhores preços

De janeiro até agora, o preço médio do boi gordo caiu 10% em MS. Conjuntura econômica está entre as causas da queda, diz economista.
Por: 
Edevaldo Nascimento - g1.globo.com / Campo Grande, MS
11/06/2017

Criadores de Mato Grosso do Sul estão em compasso de espera. O gado gordo é mantido no pasto à espera de melhores preços.

 

O criador Carlos Xavier está em busca de compradores de boi gordo, mas não consegue encontrar indústrias com uma boa oferta pela arroba. “Recebi no começo do ano, janeiro, fevereiro e março uma média de R$ 136 a arroba do boi. Hoje estão oferecendo R$ 122 para descontar funrural. Cai pra uns R$ 119”, diz o pecuarista.

 

A preocupação com o mercado aumenta a cada dia. O pecuarista tem cem animais prontos para o abate, mas decidiu segurar os lotes na fazenda até conseguir uma melhor negociação com os frigoríficos.

 

Nesta época do ano, Carlos costuma aumentar o número de animais confinados, mas hoje nem pensa nessa possibilidade. “Seria viável, agora, eu chegaria até aí num 400, 500 animais, mas você tem que esperar o mercado vê se dá uma normalizada para poder fechar o boi para engordar”, fala Carlos.
De janeiro até agora, o preço médio do boi gordo caiu 10% em Mato Grosso do Sul. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o preço do boi em São Paulo - referência para as cotações no país - caiu quase 5% em maio. A maior redução no mês, em quase 20 anos.

 

Para a economista Adriana Mascarenhas, a queda das cotações está relacionada a vários fatores. “Por exemplo, o problema da carne fraca que contribui para que o preço da arroba caísse. Nós temos o problema da conjuntura econômica onde existe o comprometimento da renda das famílias, que também contribui para essa queda de preço e recentemente tivemos aí o problema da JBS, que contribuiu muito para esse cenário negativo e esse sim é mais preocupante porque nós não sabemos ainda o tamanho do desdobramento de tudo isso".

 

Essa semana, em Ponta Porã, um frigorífico da JBS deu férias coletivas de 30 dias aos funcionários. A empresa disse, em nota, que o trabalho será normalizado em um mês. A JBS também anunciou que desde maio só compra animais com pagamento à prazo, mas não explicou o motivo.

 

O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, Jonatan Barbosa, explica que o momento é de cautela. “Nós, estamos deliberando e passando um apelo a todos os pecuaristas, que têm gado pronto para o abate, que venda o mínimo necessário, e só venda à vista. Temos que vender só aquilo que precisamos para pagar a conta".