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Com menor força da Austrália e EUA, Brasil dá passos de Usain Bolt na corrida para alimentar a China.

Confira quais as bases do crescimento de 49% das exportações, na comparação com o início de maio de 2019.
Por: 
Portal DBO
12/05/2020

O jamaicano Usain Bolt é o maior velocista de todos os tempos. Uma das razões de ter  vencido três vezes em Olimpíadas, as provas de 100m e 200m, tem a ver com o tamanho de suas passadas. Um fenômeno, como ocorre com a atual corrida das exportações de carne bovina.  As vendas atingiram volumes significativos nesta primeira semana de maio, totalizando 53,5 mil toneladas, com uma média diária de 10,7 mil toneladas – alta de 84% sobre o mês anterior e avanço de 89% em comparação ao mesmo período do ano passado, informa a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).A receita obtida com os embarques referentes aos cinco primeiros dias úteis de maio/20, de US$ 235,2 milhões, representa 49% do total arrecadado em maio de 2019, e forte elevação de 114,5% no valor médio diário, se comparado ao valor obtido em igual período do ano passado.A demanda da China, que se recupera das paralisações preventivas ao Covid-19, ainda é o principal motor de estímulo ao surpreendente fluxo das exportações nacionais, destaca a consultoria Informa Economics FNP. Ademais, na avaliação da FNP, sanções comerciais impostas pelos chineses à Austrália e o fechamento de frigoríficos nos EUA são fatores que também contribuíram para o avanço dos embarques brasileiros.O comportamento agressivo dos embarques brasileiros ajuda a sustentar os preços do boi gordo no mercado interno, apesar do aumento de oferta de boiadas prontas nas regiões pecuárias do Centro-Sul, ocasionadas pela chegada do período frio e, consequentemente, a falta de pastagens verdes para sustentar a permanência dos animais nas fazendas.

 

Nesta terça-feira, as cotações do gado gordo registraram variações mistas ao redor do Brasil. No Centro-Sul, o avanço do tempo seco tem favorecido o aumento da oferta de animais terminados no mercado, ocasionando alguns ajustes negativos nos preços. Na praça de São Paulo, porém, a arroba permanece na casa do R$ 200, a prazo, apesar do movimento de maior oferta de boiada, de acordo com a FNP.Por sua vez, nas regiões ao Norte do país, o volume de chuvas consistente ainda promove alguma retenção por parte dos pecuaristas, oferecendo suporte ao aumento de preços do boi gordo. No Pará, a oferta restrita de animais terminados contribuiu para novas altas nos preços da boiada nesta terça-feira, 12 de maio. As chuvas registradas no Estado dão suporte para manutenção do gado nos pastos, que apresenta bons níveis de massa verde, informa a FNP. Na praça de Redenção, no Pará, a arroba subiu R$ 1 nesta terça-feira,para R$ 185, a prazo.

 

Demanda interna

O consumo doméstico de carne bovina segue em níveis estáveis e sem grande movimentação. “Com a aproximação da segunda quinzena do mês e a manutenção das quarentenas adotadas nos Estados, não deve, no curtíssimo prazo, haver espaço para uma demanda mais expressiva por cortes bovinos no atacado”, avalia a FNP.

 

Giro pelas demais praças

No Mato Grosso do Sul, a procura por cortes bovinos para reposição no atacado segue estável, o que reduz a necessidade de abates mais urgentes e, com a limitação de novas aquisições, a cotação da boiada gorda segue pressionada para baixo, segundo apuração da FNP. Além disso, os pecuaristas têm perdido a capacidade de retenção dos animais nos pastos, devido ao avanço do tempo seco.No Mato Grosso, poucos negócios foram efetivados, prevalecendo o viés de baixa da arroba do boi gordo, informa a FNP. Os frigoríficos do Estado, preocupados com a dinâmica do consumo nacional de carne, ainda operam de forma cautelosa, limitando as ofertas de compra.No Tocantins, a arroba registrou leve valorização nesta terça-feira, relata a FNP. “Com volume de chuvas consistentes, os pecuaristas conseguem reter os animais nas pastagens, especulando preços mais altos pelo gado terminado”, destaca a consultoria.